Rádio CN Agitos - A rádio sem fronteiras!!!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Imprensa vendida

O Brasil é um país curioso e peculiar. A peculiaridade brasileira torna esse país excepcionalmente único, porquanto, por vezes difícil de entender. Mesmo com o ‘boom’ de crescimento havido durante o governo de Lula e atualmente continuado por Dilma, ainda estamos naquele meio termo, ou no meio do caminho entre a pobreza e a riqueza, ou no famigerado neologismo de Roberto Campos, uma Belindia, tão rico quanto a Bélgica e tão pobre lascado como a Índia.

Um traço característico da pobreza brasileira está na sua grande imprensa. As grandes corporações da mídia neste país são de uma mediocridade de dar dó. Talvez porque estes grandes magnatas medíocres das comunicações nacionais saibam intrinsicamente que seu grande público leitor não questiona os seus posicionamentos, ou pior, os digere diretamente e os toma como verdade absoluta.

A grande imprensa desse país sempre se arvorou da posição de defensora intransigente da liberdade e da isenção, sempre se diz vítima da censura e da ditadura, quando esta havia no país, quando, na verdade, é sabido que durante o último período ditatorial 1964-1985, estas empresas apoiaram gritantemente o governo dos generais.

Abril, Globo, Folha e até mesmo Sílvio Santos, além de vários outros, receberam apoio significativo dos militares, e consequente crescimento exponencial de suas fortunas pessoais, por ajudar a difundir na mente dos brasileiros a mentalidade do cordeirinho de presépio de natal, que só faz balançar a cabeça. E pior de tudo, quando a Ditadura acabou formalmente em 1985, quase todos eles se disseram vítima de censura e repressão. É como um estelionatário que passou vários cheques sem fundo culpar o banco por ter encerrado sua conta.

Em todo lugar sério deste Planeta Terra os órgãos de imprensa assumem declaradamente o seu posicionamento político. O “The Times” da Inglaterra e a News Corporation dos EUA, por exemplo, assumem abertamente que são de direita, e quem não gostar que mude. Já o “Le Monde” da França e o “Guardian” inglês, dizem de peito aberto que são de esquerda, e quem não gostar que troque, e pronto. Não tem hipocrisia, não tem mentirinha. No Brasil não, Abril e Globo, por exemplo, juram de pé junto, que são “imparciais” e que “não tem cor política”, quando todo mundo sabe que isto é uma mentira deslavada, eles são de direita, e mais grave ainda, da direita mais sebosa e radical que pode haver, aquela que apoia DOI-CODE e masmorra e ainda posa de bom moço defensor dos interesses nacionais, e pior ainda, são mercenários de quinta-categoria, que se vendem por qualquer trocado..

Dou só dois exemplos que ajudam a comprovar o que digo: 1) recentemente foi lançado o livro “A privataria tucana” de Amaury Ribeiro Jr., que mostra as entranhas do processo de privatização conduzido no governo psdbista de FHC. O livro contendo farta documentação e revelando fatos graves, foi solenemente ignorando, quando não muito, menosprezado e até caluniado pelos grandes jornais e emissoras deste país. Se fosse noutro lugar sério do mundo daria no mínimo um “Watergate”; 2) o estranho reticentíssimo da cobertura do vazamento de óleo no litoral por culpa da multinacional americana Chevron. É tratado pela imprensa tupiniquim como um fato menor, quando na verdade foi e é UMA TRAGÉDIA AMBIENTAL. Se tivéssemos uma imprensa séria, essa multinacional seria bombardeada por todos os lados e no mínimo suas ações cairiam e ela deixaria no país, mas não, a Chevron deu “cala-boca-menino”, molhando a mão dos magnatas da mídia, com dólares sujos de poluição, e como resultado temos essa cobertura mixuruca e vergonhosa de um fato gravíssimo que ocorreu no nosso litoral e cuja consequências se estenderão por muito e muito tempo.

Enquanto a grande mídia brasileira estiver nas mãos desses magnatas mercenários e hipócritas não teremos a verdadeira liberdade de imprensa.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Breve explanação sobre o escrever

Quem escreve vez por outra se depara diante de um desafio. Uma folha em branco. Seja ela real, de papel, ou uma representação gráfica num programa processador de texto, a folha em branco é um desafio em si, pois nela ao se jogar esses símbolos, a que se chamam letras, pode modificar mundos, mudar realidades, construir universos.

Tudo cabe num texto numa folha em branco, o difícil é materializar esse texto. Por outro lado, a partir que o texto deixa a caixola do seu autor, ele não mais lhe pertence, passa a pertencer aos seus leitores, e aí residindo outro problema, pois as palavras não são mais do autor mas de quem as lê. Tiro isso por mim mesmo, pois quantas e quantas vezes, eu escrevo uma coisa e um leitor ou leitora entende outra completamente diferente...quantas e quantas interpretações para o bem e para o mal, mas totalmente diferente do que eu gostaria que fosse entendido.

Pode ser falta de clareza? Pode ser e pode não ser. Até hoje não se sabe se Capitu traiu ou não, tratados existem tanto para uma tese como para outra, mas só dessa verdade quem sabia era Machado de Assis, e ele morreu sem deixar isso claro no seu texto.

As palavras seriam sementes jogadas, ávidas por terra roxa pra poder germinar, mas infelizmente o solo é pedregoso, e desta esterilidade vem sua grande deturpação...

Escrever é um ato de coragem de assumir jogas tais e quais sementes sem se importar se delas brotarão flores, se surgirão frutos, ou se, infelizmente muito mais comum, serão mero descarte num quase prazer efêmero, tais quais as sementes humanas jogadas fora num singular ato de onanismo...

Escrever também é ter coragem para enfrentar a solidão, pois solitário é escrever, seja diante de um monitor de computador, seja debruçando-se sob a velha, boa eterna caneta e tudo isso para que...para vencer o indelével desafio de encarar a tal folha em branco...?

Mas isto tudo nãos encerra com a indagação, qual seria o destino correto da palavra escrita?

Talvez o sepulcro perfeito para a palavra seja a sua NÃO LEITURA, só assim ela, a palavra, não seja deturpada na sua essência e desviada do seu caminho, o caminho que o autor traçou para ela seguir, sem desvios das leituras e interpretações de terceiros, quartos e quintos ad eternum...sem variações na sua luz por passar pelo prisma espectral alheio...

sábado, 22 de outubro de 2011

ostracismo e ferro

Quem já assistiu o filme “O Império dos Sentidos”? A película conta a história de uma relação obsessiva de um casal no Japão da década de 1930. A produção de 1976, dirigida por Nagisa Oshima, era carregada em tintas eróticas, sendo classificada até como pornográfica. O casal central da trama era protagonizado por Tatsuya Fuji o homem e Eiko Matsuda, a mulher. Ambos jovens atores dramáticos vindos do teatro japonês. Ao fim da produção, Tatsuya Fuji foi aclamado como autor recebeu convites e mais convites para estrelar produções sérias, digo, menos pornográficas, ficou famoso e conhecido. Já Eiko Matsuda caiu num esquecimento de dar dó, ninguém sabe como ela está, aonde ela estar, ou mesmo se estar viva, até no Google não se acha nenhuma informação aproveitável dela.

Poucos sabem, mas Sylvester Stallone, um dos ícones da truculência americana, começou a carreira como ator pornográfico, nos anos 1960, quando era conhecido como garanhão; nos anos 1970 virou Rocky, depois Rambo, depois virou ator “sério”, ou seja, ninguém lembra do seu passado pornô. Já Traci Lords, símbolo máximo da indústria pornográfica dos anos 1980, tentou e tenta há anos entrar no ramo do cinema sério, mas tudo o que ela conseguiu foram papeis secundários em filmes “B”.

Mais uma vez, vemos aqui, exemplos máximos da injustiça machista que impera no mundo, homem pode sair do mundo pornográfico e ir para o entretenimento dito sério, já a mulher não, está sempre fadada a ser sempre representada com a pecha lupanária, e não ir muito além disso...

Mas Aristobulo, você foi buscar os exemplos justamente no Japão e nos Estados Unidos...dois dos países mais socialmente opressores, retrógrados, reacionários, conservadores, misóginos e machistas do mundo, aí não vale...Digo, vale sim, pois mesmo na vanguardista Europa se tem exemplo desse chauvinismo cultural. No filme “O Último Tango em Paris” de 1972, dirigido por Bernardo Bertolucci, que não era propriamente um filme pornô, mas era bem carregado nas tintas eróticas, fez reerguer a então decadente carreira de Marlon Brando, já a estrela Maria Schneider , com quem Brando fez par nas cenas ‘calientes’, nunca mais conseguiu fazer nada no cinema e morreu pobre, com mal de Alzheimer e esquecida, em fevereiro desse ano, e pior, partiu para posteridade como “aquela atriz que fez O Ultimo Tango...” ou seja até o nome dela esqueceram.

Mas que maldição é essa? Homens podem sair do mundo pornográfico com a cara limpa e a mulher não?

Que estigma é esse que paira sobe qualquer fêmea que adentra no lamaçal da indústria do entretenimento adulto, mais conhecido como indústria pornográfica? Para o homem pode ser uma via de mão dupla, pode-se ir e voltar, mas e para a mulher, será sempre uma rua de mão única, quem entra não sai e se sai não progride, estigmatiza-se.

E no nosso Brasil varonil? Nós brasileiros somos tidos, e de fato somos, mais abertos quanto a sexualidade, mas será que o telespectador brasileiro ou o espectador de cinema veria uma Vivi Fernandez, uma Anne Midori ou uma Mônica Mattos estrelando uma novela da Globo ou da Record? Será que elas fariam sucesso, ou será que elas nem sequer passariam da porta da recepção da emissora dos Marinho cariocas ou a dos bispos da Universal?

Uma coisa é certa, uma nuvem negra de preconceito paira sob a cabeça de todas as trabalhadoras da indústria pornográfica, para os homens não, para o homem é virtude expor virilidade diante das câmeras, para as mulheres é ostracismo e ferro! E só...

E aí, caro leitor? Olhando friamente pra esta situação, consegue achar que isto tudo é justo?

O mundo só será verdadeiramente justo quando houver, um dia, igualdade plena entre o homem e a mulher, inclusive neste sentido.

domingo, 2 de outubro de 2011

o "rei" e o produto

Sempre ouvi e gostei de rock’n’roll, desde a mas tenra infância quando fui apresentado ao ritmo, foi a trilha sonora da minha adolescência, entrando pela vida adulta adentro, e até hoje, a beira dos 40, ainda escuto e aprecio.

Sou um dos que compartilham do velho refrão daquela canção de Neil Young “rock’n’roll ‘ll never die”...

Mas tem uma coisa que acho que muito roqueiro bom na praça me crucificaria por dizer, é que eu não gosto de Elvis Presley. Eu o considero espertinado, afetado, besta, canastrão, americano demais, conservador demais, racista demais, estúpido demais. Como disse antes, com certeza, com estas declarações, muito roqueiro da velha guarda vai querer minha cabeça numa bandeja de prata, mas “quem diabos se importa...” é o que acho e pronto, e não costumo pautar-me pelo que os outros pensam sobre mim, nem muito menos sobre o que eu venha a escrever.

Elvis Presley é um nada, foi e será sempre um nada na história do rock, mesmo que ele possa ter influenciado muita gente boa como os Beatles, David Bowie ou Jim Morrison, mas daí a chama-lo de rei do rock é um caminho longo, impossível e difícil.

Elvis Presley foi um ninguém. Ele não criou o rock, essa tarefa coube a Chuck Berry, ele não introduziu a sensualidade no rock, isso coube a Little Richard e depois a Mick Jagger, ele não foi o primeiro branco a cantar rock, pois Buddy Holly e Bill Harley cantaram rock bem antes dele, ele não compunha, não inovava, não fazia nada. Então por que cargas d’agua dizem que ele é o tal rei do rock...?

A única faceta em que Elvis Presley foi pioneiro, e talvez por isso seja chamado de “rei” é que foi o primeiro a vender o rock como um produto, o topete, a roupa empolada, o rebolado, tudo nele foi meticulosamente armado para vender. A cultura, o respeito a origem negra do rock e a música ficava em segundo plano.

Por tarefa de aferir lucro ele próprio era um produto, com isso o rock passou com ele a ser um produto também, só mais um, muito antes de ser uma manifestação artística e cultural, tornou-se um negócio, com embalagem, linha de produção e consumidores finais

O Rock em Rio que passou entre os meses de setembro e outubro é a consumação máxima de “coisificação” do rock, ou do que se convencionou assim se chamar. Tudo aquilo não passou de um produto, embalado numa caixinha dourada e exposto pra os adolescentes e congêneres se alimentarem.

Convenhamos e justiça seja feita, é um produto muito bem feito e acabado, mas isso não muda sua essência, é de fato um produto. É impessoal, frio, visa só o lucro do seu dono (o empresário Roberto Medina), não respeita a tradição, a essência ou mesmo o respeito devido a este gênero.

Detalhe, o Rock in Rio por ser um produto e querer se vender, procurou alcançar um maior público (consumidor) possível, para isso fazendo um verdadeiro “sarapatel musica” botando no mesmo caldeirão axé music de Ivete e Claudia Leitte, pop teen descompromissado tipo Katy Perry e Rihanna, pontilhado com alguns nomes de peso tipo Steve Wonder ou Elton John (...mas e o rock cadê?)

A questão é: o que é que se quer pra o rock nesse início de século XXI. Resgatar a essência do rock, enquanto música libertária, vide festival de Woodstock ou se adequar de vez a mercantilização, e consequentemente, empobrecimento, mesmerização e massificação desse gênero que ajudou a moldar o Século XX e libertar mentes e corações de jovens de todo o mundo...?

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A dor e a droga



Em 23 de julho deste ano faleceu a cantora britânica Amy Winehouse. Com 27 anos de idade, carreira meteórica e dona de uma voz poderosa com forte influência em jazz e R&B, sua qualidade musical vai fazer falta ante a grande mediocridade que geralmente impera nas “paradas de sucesso” em todo o Planeta Terra.


Causa provável da morte: overdose de barbitúricos. Amy passou a integrar uma longa lista de celebridades musicais que morreram aos 27 anos, que vai do compositor clássico brasileiro Alexandre Levy até o vocalista do The Doors, Jim Morrison. Existe até mesmo um tópico na Internet, chamado o Clube dos 27, que lista todos os músicos, cerca de sessenta, que se foram nessa idade e de um jeito trágico. Curioso que tanta gente de talento tenha morrido deste jeito e com essa idade, parece ser uma idade limiar entre os impulsos da juventude e a serenidade da maturidade, quem não consegue passar deste limiar morre (quem quiser pode dar uma olhadinha na lista completa aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Clube_dos_27).


Mas este não é o “xis” da questão, o que importa é discutir como ainda tem gente que morre de overdose hoje em dia, mesmo com todas as campanhas de conscientização, mesmo com os arroubos da geração saúde, mesmo com tudo isso. Amy é só a ponto do iceberg, ela com sua fama e notoriedade chama atenção para o caso, mas o que dizer dos milhares ou mesmo milhões anônimos que sofrem com o uso das drogas, ou dos milhares de vidas que não estão sob os holofotes da fama que estão com suas vidas perecendo neste exato momento no mundo todo.
Vidas, pessoas, dramas pessoais, sob a influência de entorpecentes, ou melhor, dizendo, uso abusivo de entorpecentes. Há pouco mais de um mês o programa “A Liga” mostrou imagens chocantes de um menino de 12 anos com crise de abstinência de crack!


Pra não me chamarem de hipócrita, faço questão de ressaltar que existe uma droga lícita que tanto, e por vezes até mesmo mais estrago do que qualquer outra: o álcool.


Mas o que fazer? Proibir pura e simplesmente NÃO SURTE EFEITO, muito pelo contrário alimenta uma rede marginal de negócios cujos efeitos são bem conhecidos de todos.


Campanhas de conscientização? Também não creio que seja lá muito eficiente. A conduta moral questionável de certas entidades (friso: algumas, não de todas) de combate as drogas certamente surtem efeito contrário.


Talvez o abuso de drogas não tenha solução, seja algo inerente a característica suicida da personalidade humana, ou como diz o escritor norte-americano Tom Fontana “enquanto houver dor, haverá drogas” seja ela maconha, álcool, crack, cabaré, o terreiro de umbanda ou a igreja pentecostal lá da esquina.

O ser humano quer curar a sua “dor” de algum jeito, seja lá de qualquer jeito for, e sejam quais forem os tipos de dor, espiritual, na consciência, por pressões sociais, carreira, amores perdidos, frustrações da vida, abuso da família, busca existencial e por aí vai...

Assim como se cura uma física dor de cabeça com parecetamol ou A.S. (que não deixam de ser drogas), precisa-se de uma droga pra curar essa estranha dor metafísica da alma.

Essa dor é inerente ao Homo Sapiens, seja consequência da racionalidade, ou fruto do pecado original ou do carma, dependendo do seu ponto de vista filosófico ou religioso, mas ela, a tal dor, está presente, latente, em uns mais forte do que em outros, e nos mais fracos se afunda nas drogas, e nos mais fracos ainda, na morte em consequência destas.

Acredito que devemos mudar o foco, ao invés de combater drogas devemos combater A DOR!

sábado, 18 de junho de 2011

Made in China

Em 1984, nas Olimpíadas de Los Angeles, as nações sob a órbita de influência da Rússia Soviética não se fizeram presente, como uma reação aos embargos impostos pelos EUA por conta da invasão russo-soviética ao Afeganistão em 1979.

Somente dois países ditos comunistas “furaram” os embargos e tomou parte naqueles jogos, a Romênia e a China, esta última de forma tímida, causando nos americanos muito mais comiseração do que medo.

Lembro-me da edição do Jornal Nacional que noticiou o fim daquela edição dos Jogos Olímpicos de Los Angeles e lembro também da notícia de que o governo de Pequim obrigou aos atletas que tinham ganhado medalha nos jogos forma obrigada a desfilar pelas ruas das principais cidades chinesas ao lado da maior inovação tecnológica chinesa: uma geladeira.

Vi a imagem dos atletas sorridentes acenado para o povo ao lado eletrodoméstico branco, isso aí i despertou comiseração em mim.

Os anos se passaram e na segunda metade década de 1980, tudo foi invadido por uma onda de tesourinhas-chaveiro dobráveis (que tem pra vender até hoje), todo mundo tinha, era engraçadinho e, de certa forma, prático, e mais que isso, tinha aquela ‘aura’ de produto importado.

Depois vieram os anos 1990, e com eles as famosas “lojas 1,99”, que tinham (e ainda tem) de um quase tudo, potes plásticos, mamadeiras, canivetes, porta-retratos, utensílios de cozinha, tudo feito em Hong Kong ou em Shangtsou.

Virada do Século XXI, ano 2011, ligo a TV e vejo propagando dos carros da JAC Motors, nas ruas o que se mais ver são motos da Traxx, os celulares da ZTE tomam consumidores que antes usavam Nokia ou Sony Ericsson, embaixo do teclado que escrevo e do mouse que uso estão lá escritos “Made in China”, e aposto uma grana alta que o do nobre leitor também, pra tudo que lado que se olha tem algo ou algum produto vindo da China.

Antes estigmatizados pela má qualidade (até eu tinha preconceito com produto chinês) hoje eles avançam com produtos de qualidade melhor e com reconhecido preço acessível, inclusive em tecnologias mais refinadas tais como celulares e automóveis.

Uma equação difícil de entender, como um produto que vem do outro lado do mundo, atravessa oceanos e milhares de quilômetros e ainda chega mais barato que um produto feito aqui no nosso quintal?

Hoje a China se projeta como potência efetiva, e já colocou até gente no espaço e se dar ao desfrute de criar um neologismo, ao invés de chamar ‘astronauta’ como os americanos, ou ‘cosmonauta’ como os russos, os chineses usam a palavra “taikonauta”.

Mas o “x” da questão não é esse. Como um país pode ter crescido tanto em menos de 30 anos? De simples geladeira e tesourinhas-chaveiro até automóveis e celulares? De um país que só plantava arroz, hoje coloca seres humanos no espaço sideral?

Creio que nós do Brasil temos muito mais a aprender com China do que com qualquer outro país do mundo.

sábado, 21 de maio de 2011

hoje é dia 21 de Maio de 2011

Hoje é dia 21 de Maio de 2011, e tem um louco acolá, lá nos U.S.A. (sempre famigerados) que disse que essa é a data do fim do mundo, o dia da seguda vinda de Jesus, o dia tão temido julgamento...
Só que nada disso ocorreu ainda...ainda...
bem que poderia, afinal de contas as nuvens estão especialmente negras e o clima anda meio soturno bem característico de fim...mas nada...
a hoora marcada para o fim foi às 18:00, e cá estou a ver o Jornal Nacional...e nada...
a verdade é que todo dia é o dia do fim do mundo...para alguém
todo dia gente morre...todo dia um mundo se acaba...seja de maneira plácida ou violenta...o fim é sempre o mesmo...triste...
Vejo vocês amanhã...

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Uma Saga Humana Contada nas Estrelas

Faz tempo que eu queria escrever alguma coisa sobre Star Wars (Guerra nas Estrelas), mas sempre tive receio, afinal de cintas George Lucas não criou só um mundo, criou uma Galáxia inteira (...uma galáxia, muito, muito distante).

A história desenvolvida em duas trilogias separadas por cerca de 20 anos somados de produção, gerou não só um universo fascinante de entretenimento, como também uma das maiores e mais lucrativas franquias do cinema, também pudera, depois dos filmes vieram os livros, os jogos, roupas, brinquedos, tudo dentro de espírito fantásticos de encher os olhos.

Ao contrário de outras franquias famosas do cinema, tais como Narnia, Harry Potter, O Senhor dos Anéis, ou mesmo 007 James Bond, as duas trilogias que compõem a saga Star Wars não vieram da literatura, foi geridas, gestadas e voltadas exclusivamente para a Sétima Arte, o que de certo modo garante que ela explore todos os campos possíveis e todas as técnicas aplicáveis à película.
Para assistir a Star Wars (Guerra nas Estrelas), em primeiro lugar é imprescindível se desconectar da realidade, esqueça as leis da física, esqueça os conceitos de democracia e tirania, explorados à exaustão nos filmes, esqueça as continuidades lógicas, liberte-se de tudo e só “viaje” pela ‘República Galáctica’ e sua luta contra o lado Negro da Força, se você for racionalizar cada aspecto do roteiro, você certamente irá travar e não sentir o prazer de mergulhar naquele espiral endiabrado de sonhos e vertigem, naves explodindo, de seres encantadores, outros assustadores, mundos e de incríveis e sobretudo os surpreendentes, e por vezes arrepiantes duelos com os sabres de luz.

Muito embora a história de Guerra nas Estrelas se passe nessa tal Galáxia distante, todos os seus referenciais são extremamente terráqueos, e não poderia deixar de ser diferente. O próprio George Lucas já admitiu que o duelo Luke Skywalker versus Darth Vader nada mais é do que uma releitura da milenar tragédia grega de Édipo Rei, só que agora com final feliz, pois no fim pai e filho fazem as pazes.

Eu particularmente prefiro a segunda trilogia ao invés da primeira, não só pelos efeitos especiais mais elaborados, mas também pelo fantástico coquetel de referências culturais e cinematográficas que George Lucas usou para construir o cotidiano da sua galáxia imaginária. Quem não vê referências de Blade Runner de Ridley Scott na distopia urbana caótica em Coruscant? Ou acordes subliminares das músicas de Jean-Michel Jarre em Utapu, ou mesmo ecos distante de Apocalypse Now de Francis Ford Coppola em laces e closes da câmera trêmula e “documentarial” nas cenas de batalha de no Episódio II, Ataque dos Clones? Ou resquícios dos “Thanderbolts” no design de certas naves? Poderia escrever laudas e mais laudas pormenorizando cada influência empregada por Lucas na construção da sua Galáxia distante.

Poderia até discutir se ela poderia ter fato existido, ou não, nalguma esquina cósmica do espaço/tempo, e tudo mais. Mas quem se importa, quando se tem imagens fantásticas quanto o pôr dos dois sois do sistema binário de Tatooine, quem não se arrepiou com sorriso no canto do rosto com a inebriante corrida de Pod Racers? E a cinematografia que é tão bem feita que parecesse até que se estava lá presente quando Palpatine/Darth Sidious ludibria e convence Anakin Skywalker das falsas vantagens de passar para o lado negro da força.

Star Wars, as duas trilogias, concretiza a máxima essência da arte, desligar o indivíduo de sua realidade e projetá-lo num mundo diferente, estando neste mundo diferente todos os elementos da sua realidade. E nesse sofisma realidade/ilusão se projeto o ser humano muito além da sua percepção, não numa Galáxia velha e distante do Planeta Terra, mas aqui mesmo.

Star Wars, enfim, é isso, uma bela saga terrena contada de forma sublime nas estrelas.