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domingo, 25 de julho de 2010

Carta de uma professora portuguesa para Maytê Proença

Minha grande amiga, a poetisa norte-rio-grandense Maria José Gomes (nossa Eme Gomes) me mandou recentemente um e-mail recheado de indignação me informando que uma certa professora portuguesa, a Sra. Mafalda Carvalho, difundiu uma carta aberta na Internet falando ofensas ao nosso Brasil. O motivo dessa celeuma toda seriam declarações mal interpretadas da atriz brasileira Maytê Proença sobre Portugal e o povo português. Contudo, a reação da “doutora” Malfalda, buscando atingir Maytê Proença, “respingou”, mesmo de longe em todo o povo brasileiro. Leiam trechos da carta da “lente” portuguesa e a nossa resposta logo abaixo, e digam se estamos certos ou errados:
"Exma. Senhora:
Foi com indignação que vi a ‘peça cómica’ que fez em Portugal e passou no programa Saia Justa em que participa. Não que me espante que o tenha feito – está à altura da imagem que há muito tenho de si, pelo que me tem sido dado ver pelos seus desempenhos – mas sim pelo facto da TV Globo ter permitido que tal ignorância fosse para o ar.
Só para que possa, se conseguir, ficar um pouco mais esclarecida: A ‘vilazinha’ de Sintra é património da Humanidade, classificada pela UNESCO e unanimemente reconhecida como uma das mais belas e bem preservadas cidades históricas do mundo;
Em Portugal, onde existem pessoas que olham para o mouse do seu computador como se de uma capivara se tratasse, foi onde foi inventado o serviço pré-pago de telefones móveis (os celulares) – não existia nenhum no mundo que sequer se aproximasse e foi também o que inventou o sistema de passagem nas portagens (pedagios, se preferir), sem ter que parar – quando passar por alguma, sem ter que ficar na fila, lembre-se que deve isso aos portugueses.
É um dos países do Mundo com maior taxa de penetração de computadores e serviços de internet em ambiente doméstico. É o único país do mundo onde TODAS as crianças que frequentam a escola têm acesso directo a um computador (no próprio estabelecimento de ensino) – e em Portugal TODAS as crianças vão à escola... Muitas delas até têm um computador próprio, para seu uso exclusivo, oferecido ou parcialmente financiado pelo Ministério da Educação – já ouviu falar do Magalhães? É natural que não... mas saiba que é uma criação nossa, que está a ser adquirida por outros países. Recomendo-o vivamente – é muito simples e adequado para quem tem poucos conhecimentos de informática.
Somos tão inovadores em matéria de utilização de tecnologia informática e web nas escolas, que o nosso caso foi recomendado por especialistas americanos, como exemplo a seguir, a Barack Obama, que é só o Presidente dos Estados Unidos – ao Sr. Lula da Silva tal não seria oportuno, porque ele considera que a Escola não é determinante no sucesso das pessoas (e, no Brasil, a julgar pelo próprio, tem toda a razão).
A internet à velocidade de 1 Mega, em Portugal há muito que é considerada obsoleta – eu percebo que não entenda porquê, porque no Brasil é hoje anunciada como o grande factor diferenciador a transmissão por cabo, que já não nos interessa. Já estamos noutra – estamos entre os países do mundo com a rede de fibra óptica mais desenvolvida. E nesse contexto 1 Mega é mesmo uma brincadeira.
O ditador a que se refere – o Salazar – governou, infelizmente, ‘mais de 20 anos’, mas para a próxima, para ser mais precisa, diga que foram 48 (INFELIZMENTE, é mais do dobro de 20). Ainda assim, e apesar do muito dano que nos causou a sua governação, nós, portugueses, conseguimos em 35 anos reduzir praticamente a ZERO a taxa de analfabetos e baixar para cifras irrisórias o nível de mortalidade infantil e de mulheres no parto, onde estamos entre os melhores do mundo.
Criar uma rede viária que é das mais avançadas do mundo – em Portugal, sem exceder os limites de velocidade e sem correr risco de vida, fazemos 300 km em duas horas e meia (daria tanto jeito que no Brasil também fosse assim!).
Melhorar muito o nível de vida das pessoas, promovendo salários e condições de trabalho condignos. Temos ainda muito para fazer nesta matéria, mas já não temos pessoas fechadas em elevadores, cuja função é apenas carregar no botão do andar pretendido – cada um de nós sabe como fazê-lo e aproveitamos as pessoas para trabalhos mais estimulantes e úteis; também já não temos trabalhadores agrícolas em regime de escravatura – cada pessoa aqui tem um salário, não trabalha a troco de um prato de comida.
Colocar-nos na vanguarda mundial das energias renováveis, menos poluentes, mais preservadoras do planeta; enquanto uns continuam a escavar petróleo, nós estamos a instalar o maior parque de energia eólica do mundo (é a energia produzida a partir do vento).
Poderia também explicar-lhe quem foi Camões, Fernando Pessoa, etc., cujos túmulos viu no Mosteiro dos Jerónimos, mas eles merecem muito mais.
Ah!, já agora, deixe-me dizer-lhe também que num ponto estou muito de acordo consigo: temos muito pouco sentido de humor. É verdade." Mafalda Carvalho - Professora Doutora da Universidade de Coimbra
"li o texto e, sinceramente não vi nada de tão ofensivo ao povo brasilerio como um todo, por outro lado, a cidadã lusitana pegou pesado, e muito, com a própria Maitê ( detalhe, dona de um sobrenome "altamente" português: Proença ).
discordo só de uma coisa. O item 7 da introdução da carta diz que não temos o direito de reclamar por estarmos num declínio moral. Temos o direito de reclamar sim, desde que atinja de fato a nossa moral, e se temos uma moral "flexível" isto é culpa tão-somente de nossa colonização portuguesa, que ao invés da cultura do trabalho e desenvolvimento que a colonização anglo-saxã legou aos EUA, por exemplo, nos deu uma cultura da acomodação, da preguiça e da corrupção.
Se somos assim, a culpa é "deles"!

Por outro lado, até bem pouco tempo, mais ou menos uns 20 anos atras, Portugal era de fato o país mais atrasado do Velho Mundo. Não tinha indústria, a agricultura era fraca, não tinha estradas, nem mesmo fornecimento de energia elétrica decente, além do que tinha altíssimos índices de ANALFABETISMO e desemprego. Tanto que Juca Chaves cunhou aquela famosa frase:"...quando eu saio em turnê pelo exterior primeiro vou a Portugal e depois eu vou para a Europa..."
nesse tempo, de 'facto', Portugal tinha um desenvolvimento mais próximo ao da Nicarágua do que o da França.

Portugal só veio a mudar, e se desenvolver, quando entrou na União Europeia, e isso também é 'facto'.

a União Europeia adota uma política de nivelamento dos países que a integram pois sabe que isso é um fator de inibição da imigração ilegal. Por exemplo, um trabalhador português que se sujeita a receber um salário menor, por conta do desemprego no seu país, não imigraria para a Bélgica, e "tomaria" o emprego de um trabalhador belga, muito mais qualificado e que exigiria um salário maior.

por isso, a União Europeia injetou, e injeta, milhões em Portugal, Grécia e Irlanda (os três países mais pobres da Europa) justamente para "igualar" o nível de desenvolvimento e evitar a imigração.

Portugal só tem o desenvolvimento descrito na carta da Sra. Mafalda Carvalho por conta de duas palavrinhas mágicas: UNIÃO EUROPEIA.

alias, os contribuintes alemãs, finlandeses e dinamarqueses têm um desprezo enorme com os lusos, pois sabem que são os seus impostos e o seu trabalho que sustentam um bando de portugueses inúteis e preguiçosos.

agora suponhamos, apenas suponhamos, que de uma dia pra noite a União Europeía se acabe. Resultado? Em poucos anos Portugal voltaria a ser o charco atrasado da Europa.

e isso também é 'facto', ora pois pois..."

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Um burgo num mundo paralelo

Eis que surge dum vasto planalto
Num mundo paralelo
Um burgo espalhado
Numa grande campina
Campina Grande

Reencontrar Campina Grande
É como encontrar uma amante que não nos quer,
Um misto de flerte relutante com desejos irrealizados.

Reencontrar Campina Grande
É rever suas ruas de infâncias perdidas, adolescências eternas
Velhices etéreas, vidas pedidas
E um pouco mais de quase nada

Reencontrar Campina Grande
É mesmo se achar,
Rimas sem métrica
Versos sem ritmo
Águas espraiadas
Bueiros abertos
N’alguma esquina deserta
Dum recanto qualquer da memória

Reencontrar Campina Grande
De veias, mentes, sorrisos (amarelos) abertos
Como sempre
É vendo a cada momento em cada movimento
Não se importando onde se estar
Em seus açudes urbanos, praças, avenidas
Repletas de redemoinhos de pura alma no éter

Reencontrar Campina Grande
E dizer-lhe mais um choroso adeus,
Desculpa-me cidade antiga
Esse reencontro parece despedida
Perdoa-me se não fui um bom cidadão para contigo
O que me consola (ou aflige) é que te trago comigo
Pra onde quer que eu vá